Living Lab Habitat
O Living Lab Habitat (LL-Habitat) é uma organização em rede, de múltiplos atores, para gerar inovações eco-amigáveis que melhorem as condições habitacionais de populações de baixa renda urbanas e rurais.
O LL-Habitat resultou de um relacionamento prévio entre a universidade, a ONG AAI e a comunidade do Território do Bem. Esse relacionamento teve início em 2006 quando a demanda por conhecimentos nas áreas de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, devido ao Programa Bem Morar da AAI, se mostrou clara.
Essa concepção do Living Lab Habitat baseia-se no entendimento de que a estrutura em redes é a forma organizacional mais promissora para lidar com o grande desafio contemporâneo de encontrar formas de funcionamento sustentável para a sociedade no que se refere aos seus aspectos ambientais, culturais, sociais e econômicos.
A gestão do LL-Habitat é de responsabilidade do Laboratório de Tecnologias de Apoio a Redes de Colaboração – LabTAR que reúne competências em Design da Informação, Gestão do Conhecimento, Gestão da Inovação e Gerenciamento de Projetos. Uma de suas principais atribuições é gerenciar o fluxo de informações dos projetos de interesse do LL-Habitat.
Nossas ações originam-se das necessidades de usuários capazes de explicitar, de forma representativa, seus interesses. Essa interação com os usuários finais no desenvolvimento e experimentação das novas tecnologias caracterizam o processo de “inovação aberta” (open innovation).
O LL-Habitat faz parte da Rede Europeia de Living Labs (ENoLL – European Network of Living Labs).
Na sequência de vídeos a seguir, conheça um pouco mais sobre história do Living Lab Habitat. Você também pode assistir a outros vídeos em nosso canal no youtube.
O Ateliê de Ideias é uma organização não governamental com a missão de desenvolver soluções criativas, mobilizando e potencializando vocações locais, para gerar o desenvolvimento das comunidades atendidas. Tem como objetivo comunidades organizadas e capazes de conduzirem o seu desenvolvimento, articulando produtivamente seus atores, incidindo em políticas públicas e determinando os rumos da governança local.
Sua interação contínua com a população permitiu uma identificação de boas idéias para problemas diagnosticados, possibilitando o fomento de um banco comunitário, de um fórum de moradores, de uma incubadora de empreendimentos econômicos solidários e de um programa habitacional que inclui crédito habitacional, assistência técnica em obras, construção de moradias com tecnologias limpas, como: tijolo ecológico, piso artesanal com material reutilizado, aquecedor solar de baixo custo, sistema de reuso de águas servidas.
O Banco Bem é um banco comunitário no qual os moradores são responsáveis por elaborar a política e exercer o controle social do banco. Além de financiar produtores e consumidores o banco tem uma linha de crédito habitacional. Este crédito foi criado para atender uma demanda específica por moradia digna. As construções no morro, em sua maioria, são erguidas pelos próprios moradores, sem planejamento, projetos e orientações. Na sua maioria elas são insalubres, sem segurança, construídas em locais impróprios, com grande desperdício de recursos naturais e de material de construção.
Com um aporte inicial de R$ 9.000,00, em 2005, o Banco Bem iniciou suas operações, apenas na comunidade de São Benedito, oferecendo as linhas de crédito produtivo para que comerciantes e empreendedores da comunidade abrissem ou desenvolvessem seus pequenos negócios.
A Associação Ateliê de Idéias fomentou a criação de um fórum de desenvolvimento comunitário, chamado Bem Maior, onde lideranças comunitárias reúnem-se para debater e propor soluções para seus problemas e demandas, e mobilizar pessoas para a melhoria da qualidade de vida na região. O primeiro passo para a criação desse Fórum foi a constituição de comissão formada pelas lideranças locais para assumir o controle do processo decisório do Banco Bem.
O Fórum Bem Maior é um espaço aberto de resgate, agregação e produção de conhecimentos múltiplos, debate de interesses e articulação de soluções comuns às 8 comunidades do Território do Bem em Vitória, Espírito Santo. É um espaço onde os moradores podem exercer a governança local. O Fórum juntamente com vários parceiros realizou uma pesquisa chamada: Saberes, fazeres e perfil dos moradores do Território do Bem. Os dados desta pesquisa subsidiaram a elaboração de um planejamento estratégico comunitário, chamado Plano Bem Maior.
Esta realidade fez com que a Associação Ateliê de Idéias criasse um programa habitacional, chamado Bem Morar, incluindo crédito, assistência técnica aos moradores e construção de casas com tecnologias limpas. Um projeto aprovado pela Brazil Foundation permitiu a construção da fábrica de tijolos de solo-cimento, que são ecológicos por não produzirem gás carbônico na sua fabricação e por possibilitar uma redução do consumo de cimento na obra.
O Programa de inclusão habitacional Bem Morar reúne o serviço de assistência técnica para construção e reforma de moradias, o crédito habitacional pelo Banco comunitário local e a produção de insumos e materiais de construção ecoeficientes.
Em 2006, a demanda por conhecimento nas áreas de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, gerou o primeiro projeto integrando essa comunidade de usuários e a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, por meio dos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil. Essa interação teve como resultados a elaboração de projetos arquitetônicos; orientação para construção das casas; parceria com o Laboratório de Materiais de Construção – LEMAC para testes de granulometria do solo, de resistência e de absorção de água dos tijolos fabricados.
Em 2008, com a necessidade de melhor compreender a realidade e os anseios da comunidade da Região, teve início um processo de geração de conhecimentos sobre o Território do Bem, com a realização da pesquisa Saberes, Fazeres e Perfil dos Moradores do Território do Bem. Quarenta moradores foram capacitados e apoiados pela AAI para que eles mesmos realizassem todas as etapas da pesquisa.
Assim, eles desenharam os instrumentos de coleta de dados, foram a campo entrevistar os moradores, organizaram e analisaram os dados e redigiram o relatório conclusivo que foi organizado, impresso e distribuído aos moradores. A pesquisa gerou subsídios fundamentais para que o Fórum Bem Maior pudesse iniciar o primeiro momento de planejamento estratégico do Território.
O LabTAR começou suas atividades em 2010, com recursos da Fapes e da Ufes. Nele trabalham de forma colaborativa professoras, alunos e ex-alunos da Ufes, visando ao desenvolvimento de tecnologias de apoio a redes de colaboração como tecnologias de gestão de redes e sistemas informatizados.
Sendo um esforço de apoio inicial ao funcionamento do Living Lab Habitat, suas atividades nos primeiros dois anos foram voltadas a apoiá-lo no seu propósito de promover a melhoria das condições habitacionais de populações de baixa renda, urbanas e rurais, a partir de suas competências e dos seus propósitos específicos. Assim sendo, o Labtar possui ações de interseção com o Habitat, mas, como a AAI e todos os demais atores envolvidos no Habitat, elas não se limitam ao Living Lab.
O trabalho colaborativo produziu o documento de candidatura submetido à Enoll e o primeiro site do Living Lab Habitat. A candidatura foi aprovada em março de 2010 e o Living Lab Habitat tornou-se membro da Enoll desde então. Durante o processo de criação do Living Lab Habitat, foi crucial a definição de sua facilitação, que foi compartilhada entre a AAI e o LabTAR, atores centrais no Habitat.
No eixo de promoção da economia local, a AAI, a partir do processo de interação com as comunidades, observou que havia outro desafio significativo para o desenvolvimento dos negócios no Território: a atratividade desses negócios para estimular o consumo endógeno e levar ao fortalecimento da economia local.
Dessa análise, dois projetos foram criados para apoiar os pequenos negócios locais: a Varal Agência de Comunicação e a Central de Compras Coletivas.
A Varal Agência de Comunicação é um projeto de formação de jovens empreendedores para atuarem no desenvolvimento de ferramentas de comunicação e marketing, acessíveis e capazes de contribuírem para a construção de uma identidade social e cultural do Território do Bem e para o fortalecimento dos negócios da Região.
O projeto Central de Compras Coletivas implantado no Território do Bem consiste em organizar os comerciantes das comunidades em grupos de cooperação e, no futuro, em cooperativas de compra.