Na semana dos dias 17 a 23 de março, Letícia Vervloet (coordenadora do projeto), Priscila Vervloet da Fonseca e Kristina Gonçalves (representando o LabTAR) expuseram o projeto da Reserva Azalea no 8º Fórum Mundial da Água, sediado neste ano em Brasília, reunindo pesquisadores do mundo todo.
O Fórum Mundial da Água é o maior evento global sobre o tema água e é organizado pelo Conselho Mundial da Água, uma organização fundada em 1996, com sede permanente na cidade de Marselha, na França, que reúne cerca de 400 instituições em aproximadamente 70 países. O Conselho é composto de representantes de governos, academia, sociedade civil, empresas e organizações não governamentais.
O Fórum Mundial da Água contribui para o diálogo do processo decisório sobre o tema em nível global, visando o uso racional e sustentável deste recurso. Por sua abrangência política, técnica e institucional, o Fórum tem como uma de suas características principais a participação aberta e democrática de um amplo conjunto de atores de diferentes setores, traduzindo-se em um evento de grande relevância na agenda internacional.
O Fórum é organizado a cada três anos pelo Conselho Mundial da Água juntamente com o país e a cidade anfitriã. Ao todo, já ocorreram sete edições do evento em sete países de quatro continentes: África, América, Ásia e Europa. Com o Brasil recebendo, em 2018, a 8ª edição do Fórum. Esta foi a primeira vez que o evento ocorreu no Hemisfério Sul.
PROJETO RESERVA AZALEA
O Rezerva Azalea, idealizado por Letícia Vervloet, é um de projeto de pesquisa, preservação e restauração do rio, fauna e flora no interior do estado, atuando em parceria com o LabTAR. O estudo, dividido a princípio em 3 fases de atuação, será feito com a população que vive no entorno da desativada Usina Hidrelétrica de Rio Bonito e seu lago de aproximadamente 22 km de extensão, no município de Santa Maria de Jetibá, no estado do Espírito Santo (ES), Brasil. Esta região foi selecionada para o projeto, devido à sua importância no abastecimento energético, hídrico e alimentício para o Espírito Santo, bem como pelas dificuldades relacionadas a essas atividades encontradas na região.
Entrevista para o Jornal Gazeta.
A sede da pesquisa será na Fazenda Azalea, localizada na região alvo, adquirida na década de 60, com grande parte da propriedade reservada para preservação das matas ciliares, que já naquela época se encontravam em risco de serem derrubadas. Atualmente ocupa mais de 110 hectares de terra, sendo mais de 70% de floresta de Mata Atlântica, que é um patrimônio natural essencial para conservação das águas que abastecem nossos municípios.
OBJETIVOS:
O projeto almeja encontrar, através do design social, soluções mais eficientes, sustentáveis e justas para garantir de forma integrada a segurança hídrica, energética, alimentar e de saúde a comunidade que vive no entorno da Hidrelétrica. Tendo em vista os desafios postos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 da ONU.
Identificar, conservar e recuperar a biodiversidade local.
Unir a população local com especialistas para co-criarem soluções inovadoras, acessíveis e eficazes.
Envolver sociedade civil, empresários, órgãos governamentais e academia para alcançar soluções mais sustentáveis para o nexo água-energia-alimentação e suas implicações para a saúde.
Contribuir para que projetos governamentais de proteção de florestas e revitalização de bacias hidrográficas se tornem mais eficazes.
ENTREGAS:
Construção de um herbário para visitação.
Mudança na relação da população do entorno com o rio e a represa, passando a serem corresponsáveis por eles.
Base para um Centro de Referência em Agricultura Sustentável, Educação Ambiental, Medicina Natural, Bioconstrução e Centro de Bem Estar.
SOBRE A REGIÃO:
Água, energia e alimentação são recursos fundamentais para nossa vida e essenciais para o bem-estar do ser humano, redução da pobreza e desenvolvimento sustentável.
O nexo entre a água, energia e alimentos significa que os três setores estão intimamente relacionados e que, na maioria das vezes, a intervenção em uma destas áreas, têm impacto sobre qualquer uma das outras.
O ES está inserido no bioma Mata Atlântica(MA), um dos maiores centros de endemismo e biodiversidade do mundo.
Mesmo com projetos governamentais de proteção das florestas, o desmatamento aumentou 116% entre 2015 e 2016.
Entre 2014 e 2016, o estado do Espírito Santo (ES), no Brasil, enfrentou a pior crise hídrica em 80 anos.
Em 2015, para garantir a segurança hídrica e energética da Região Metropolitana de Vitória (46% da população, 58% da riqueza e consumo de 55% da energia do ES), a barragem de Rio Bonito tornou-se reservatório de água para abastecimento humano.
Este projeto trata-se de pesquisa transdisciplinar, que pretende envolver sociedade civil, empresários, órgãos governamentais e academia. Fará uso de tecnologias, que promovam a inovação baseada na co-criação com usuários. Com este trabalho, pretendemos encontrar soluções mais eficazes, eficientes, sustentáveis e justas para os desafios postos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 da ONU, através do design participativo, para promover de forma integrada, segurança hídrica, energética, alimentar e de saúde para a comunidade que vive no entorno da barragem/hidroelétrica de Rio Bonito, no bioma MA, sudeste do Brasil.
Assista o vídeo do Projeto.
O projeto se justifica, posto que, conhecendo melhor as particularidades de uma região e da população que nela vive, através de uma abordagem participativa, fará com que programas governamentais já existentes, tenham melhor resolutividade. A gestão das águas não passa apenas pela gestão dos recursos naturais, também abrange, de forma mais ampla, a gestão do uso e ocupação do espaço sob a ótica do desenvolvimento sustentável.
FASES DE PROJETO:
1ª fase: Será aplicado um questionário (baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas) para o diagnóstico socioeconômico e ambiental da população alvo.
2ª fase: Usaremos o design social como abordagem de pesquisa-ação (oficinas interativas, filmes e fotografias) para construir a compreensão tanto dos desafios que essa comunidade enfrenta, quanto das forças e recursos que possuem.
3ª fase: Serão criados modelos demonstrativos, conforme a necessidade e demanda encontrada (como por exemplo: sistema de irrigação, fossa, cisterna, viveiro de muda para reflorestamento, plantação orgânica e/ou de plantas medicinais, casa sustentável e etc.) e intervenções na qualidade de vida e saúde da população.
Em paralelo serão realizados levantamento florístico/faunístico regional e educação ambiental sobre revitalização de nascente, reflorestamento, plantas medicinais, plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e orgânicos.
HERANÇA DO AZALEA:
Diagnóstico sócio-econômico e ambiental da região e levantamento etnobiológico da população.
Desenvolvimento de métodos e abordagens eficazes para maximizar a mobilização de conhecimentos entre os parceiros e a comunidade participante.
Soluções locais para os desafios postos pelos ODS da agenda 2030 da ONU.
Entendermos o valor da pesquisa interdisciplinar como mecanismo para promover a inovação social.
Contribuirmos para que projetos governamentais, para proteção de florestas e bacias hidrográficas, se tornem mais eficazes.
Identificação, conservação e recuperação da biodiversidade com criação de um herbário na sede do projeto.
Produção científica ( como artigos e teses ) em várias áreas do saber.
Criação de uma unidade demonstrativa, conforme a necessidade e a demanda da população.
Criação de um núcleo de educação ambiental na sede do projeto.
Unir a sociedade civil, empresários, órgãos governamentais e a academia para alcançarmos soluções mais sustentáveis para o nexo água-energia-alimentação.