O diferencial da metodologia do Design Centrado no Ser Humano é a imersão no contexto do usuário para um verdadeiro entendimento de sua realidade e suas necessidades. Com isso, uma grande expectativa do projeto era reunir diversos atores que pudessem mergulhar no contexto dos consumidores que usavam a moeda no dia dia. A participação dos funcionários do banco também seria de grande importância pois tem contato direto com a comunidade e conhecem quem usa o Bem.
Após uma série de workshops de Design Centrado no Ser Humano e muitas entrevistas realizadas com moradores do Território do Bem, especialistas, entre outros, foi possível finalizar a fase de entendimento do problema. Baseado nos princípios da inovação sistemática, realizamos um último workshop em que foi possível construir as soluções, recursos e funcionalidades ideias que poderiam ajudar a resolver os problemas atuais.
O Projeto Bem Forte visou aprofundar o entendimento do funcionamento da moeda social BEM no Território do Bem por meio do design colaborativo, envolvendo todos os principais interessados, em processo de co-criação, experimentação e aprendizado iterativo além da transferência de conhecimento entre LEDS, LabTAR e AAI e a avaliação do uso combinado das metodologias de Design Centrado no Ser Humano e Inovação Sistemática.
Encontro | Data | Conteúdo |
#1 | 08/05 | Apresentações e alinhamentos sobre o projeto |
#2 | 15/05 | Workshop 1 – Uma introdução ao Design Centrado no Ser Humano |
#3 | 05/06 | Workshop 2 – Fase de inspiração (planejamento e execução das entrevistas) |
#4 | 19/06 | Workshop 3 – Fase de ideação (compartilhamento das entrevistas e criação de temas) |
#5 | 26/06 | Continuação Workshop 3 – Elaboração de insights para cada tema |
#6 | 03/07 | Inovação Sistemática – Mapa de Percepções utilizando os insights e Hierarquia do Problema |
#7 | 10/07 | Inovação Sistemática – Continuação do Mapa de Percepções |
#8 | 17/07 | Construção de Soluções |
#9 | 24/10 | Encerramento do projeto e entrega do relatório |
Propostas de soluções para fortalecimento da moeda Bem, desenvolvidas e testadas como protótipos, de forma colaborativa com os gestores do Banco Bem.
Publicação de um artigo que mostre o uso, adaptação, avaliação e teste das metodologias de Design Centrado no Ser Humano e Inovação Sistemática conjuntamente.
Fortalecimento da parceria LEDS, LabTAR e AAI.
No primeiro encontro foram realizados a apresentação de cada parceiro e um alinhamento do projeto, das metodologias utilizadas e de como seriam os encontros. No segundo encontro foi realizado o Workshop 1. Primeiramente os participantes se dividiram em três grupos, todos com pelo menos um integrante de cada parceiro, que foram nomeados Fala Bem, Maria Sururu e Bem Criativos. Em seguida os grupos fizeram uma dinâmica para ‘quebrar o gelo’ entre os integrantes. Logo após trabalhou-se a metodologia do Design Centrado no Ser Humano e suas três fases (inspiração, ideação e implementação), finalizando o encontro com um mini desafio de Design que consiste em ouvir um dos participantes sobre sua jornada matinal até seu trabalho e, assim, propor melhorias para seu deslocamento.
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O Workshop 2, realizado no terceiro encontro, envolveu a ida para a comunidade para pesquisas e durou duas semanas. O planejamento foi realizando seguindo a metodologia e, primeiramente, foi feita uma reflexão sobre os conhecimentos e as suposições do grupo acerca do desafio (o que se sabe, o que é preciso aprender mais e o que não se sabe). Em seguida o grupo selecionou pessoas e lugares para realizar a pesquisa, dentro de quatro categorias: aprenda com as pessoas (moradores e donos de comércios do Território e funcionários do Banco e da Ong), aprenda com especialistas (professores e o responsável pelo Banco Palmas, que também utiliza uma moeda social) imersão no contexto (rotina dos funcionários do banco e dos moradores e comerciantes do Território, tentativa de compras com Bens…) e inspirações análogas (sistema monetário brasileiro, correios…). Foram, então, elaboradas as perguntas de forma que elas abordassem o que ficou definido que o grupo não sabia ou precisava aprender mais sobre, e todos do grupo deram sugestões. Feito isso, cada grupo conduziu sua pesquisa durante a semana seguinte e cada integrante elaborou um relatório de sua pesquisa para apresentação no quarto encontro.
No dia 15 de maio ocorreu nosso segundo encontro. Subimos de ônibus e chegamos as 16:30 no Banco do Bem. Iniciamos o Workshop 1 e a experiência foi muito interessante. Nos dividimos em grupo diversificando entre Bem, Labtar e Leds em cada um. Não demorou muito para nomearmos cada equipe – Maria Sururu, Fala Bem e Bem Criativo. O workshop foi um grande quebra-gelo entre os participantes e com muitas entre muitas risadas todos se conheceram melhor. Também trabalhou-se a metodologia do Design Centrado No Ser Humano com uma dinâmica bem prática. O desafio era ouvir um dos participantes sobre sua jornada matinal até seu trabalho e assim, propor melhorias para seu deslocamento. Várias ideias foram dadas e pode-se trabalhar as formas e as etapas de inspiração, ideação e implementação da jornada matinal.
Após a separação e a nomeação dos temas, no quinto encontro os grupos resumiram os temas em poucas frases, os insights. O resultado obtido foi o seguinte:
Com os principais resultados colhidos no encontro 5, pudemos verificar o grau de complexidade do ‘Sistema Bem’. Foram 8 temas (Divulgação, O Banco, Dentro x Fora, Economia, Localização, Estímulo, Círculação da Moeda, Condição Econômica), que continham as principais informações relacionadas a eles. Esse resultado final permitiu ver o contexto da Moeda Bem como um todo.
Para refinar melhor essa quantidade de informações, a equipe do Labtar preparou um workshop para o próximo encontro no dia 10 de julho, com o objetivo retirar os maiores aprendizados do último workshops acerca dos temas e entender melhor como eles se relacionavam, num diagrama de causa-efeito chamado Mapa de Percepções.
No dia do workshop, organizados em duplas, cada um escreveu as 3 principais conclusões ou aprendizados acerca de cada tema. A pergunta foi: ‘O que se aprendeu ou concluiu de cada tema?’. Os participantes tinham impresso as fotos dos temas e seus post-its do último encontro, para poderem ver e discutir. Após cada um anotar o que concluiu, iniciou-se a construção do Mapa de Perceções, com cada um falando abertamente suas conclusões.
O mapa de percepções elencou cada um dos maiores aprendizados numa tabela, onde cada percepção tinha uma letra para se identificar (do lado esquerdo), que deve se ligar a apenas uma única outra percepção (do lado direito), que é a sua principal consequência direta. A interpretação do mapa se dá da seguinte forma: A gera B, ou seja, a falta de confiança na moeda faz com que… A moeda circule pouco. Assim como B gera A: O fato da moeda circular pouco, produz uma redução da confiança na moeda.
# | Percepção | # |
A | Falta confiança na moeda | B |
B | A moeda circula pouco | A |
D | Localização do Banco dificulta acesso à moeda | B |
E | Há pouca divulgação da moeda | N |
F | O Bem só entra na comunidade pelo crédito de consumo | M |
H | Há pouca competitividade do comércio local (comércio e preço) | I |
I | Não há estímulo real para usar a moeda | B |
J | Moeda é vista como ajuda para quem está com dificuldades | I |
M | Existe pouca quantidade de moeda em circulação | A |
N | Serviços do banco não estão claros | J |
O | A moeda é como uma batata quente para os comerciantes | B |
P | O comerciante tem dificuldade em repassar a moeda | O |
O mapa de percepções facilita o entendimento de qual fator gera tal fator, ou o porquê de uma coisa estar acontecendo. Podemos concluir por exemplo, numa relação de causa, que existe pouca quantidade de moeda em circulação (M) devido ao Bem só entrar na comunidade pelo crédito de consumo (F). A principal consequência da pouca quantidade de moeda em circulação é a moeda circular pouco (A).
A partir da construção dessa tabela, o próximo passo foi a criação de um mapa, com as relações entre cada fator (cada letra levando a uma única letra), em que poderíamos visualizar melhor as relações de causa efeito e com isso, identificar a razão dos principais problemas e quais são estes principais problemas. Foi incluído ao fim, a percepção de ‘Forum Bem Maior definiu políticas restritivas à circulação da moeda’. Após alguns acertos o mapa foi desenhado, segue abaixo:
Legenda: Verde: Uso geral da moeda social • Vermelho: Uso da moeda social ligado diretamente com o banco • Laranja: Fora da nossa alçada • Azul: Não foi registrada. Foi uma percepção do Valmir que acrescentei depois • Rosa: Divulgação.
No mapa podemos ver, por exemplo, que ‘Tem pouca pouca moeda em circulação’ tem como consequência a ‘moeda é pouco usada’. Que ‘Pouca competitividade do comércio local’ gera ‘faltam estímulos para pessoas físicas usarem a moeda social’, e assim por diante.
Analisando o gráfico, podemos concluir que com a substituição da moeda Bem pelo É $, são eliminadas as percepções (pelo menos esperamos que seja) de dificuldade de acesso ao banco, restrição de moeda em circulação, a imagem da moeda ser associada com quem está em dificuldades financeiras (as atividades produtivas como prestação de serviço poderão ser remuneradas pelo É$). Todos os demais aspectos se mantém. Assim podemos reformular o mapa para essa configuração:
Chegamos ao principal problema do Bem Forte: a moeda é pouco usada. E é pouco usada pois ‘Falta estímulos para pessoas físicas usarem a moeda social’, ‘Comerciantes tem dificuldade de aceitar e repassar a moeda’ além desse conjunto de fatores não favorecerem uma confiança que a moeda precisa para funcionar. Com essas observações, fechamos o encontro 07 e nos reunimos novamente no dia 17 de julho para o workshop final.
Nos reunimos na Varal para finalizar os workshops. Até este momento os Workshops contribuíram para uma noção muito mais apurada da problemática envolvida do Bem Forte. Agora sabíamos os principais problemas, suas causas e seus efeitos. Com isso, pudemos incluir o É Dinheiro nessa perspectiva e analisar melhor como se daria a entrada dessa inovação nesse contexto.
Miriam conduziu o workshop apresentando o mapa de percepções e suas conclusões principais (seção anterior). Depois iniciamos um entendimento sobre o É Dinheiro e que características uma inovação precisa ter para ser bem sucedida.
O É Dinheiro é uma nova tecnologia para pagamentos e transferência de dinheiro. Substitui outras tecnologias como a moeda física, os cartões de débito e crédito, pagamentos por celular como o Pic-Pay, por exemplo. Para que seja bem sucedida, uma inovação precisa:
Cientes dessas características, a equipe do Leds, Labtar e do Banco Bem se reuniram em equipes e começamos uma ‘tempestade de ideias’ (brainstorming) para cada grupo gerar o maior número de ideias com relação a estes quesitos.
Para cada um dos quesitos, ficamos em torno de 20 minutos e saímos com diversas ideias para o aplicativo É Dinheiro, segue abaixo:
Ao final da dinâmica de ideias, o workshop se finaliza. Percebemos que neste momento o mais importante a se fazer era mostrar todo esse trabalho para a MadeApp para que entendam melhor do contexto do Bem e que outras funções o aplicativo poderia ter para funcionar melhor ainda no território.
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Ao longo de todo o trabalho desenvolvido, pudemos perceber como o envolvimento do Leds, Labtar e dos funcionários do Banco e do Ateliê foram importantes para o sucesso do trabalho e entendimento da problemática. Para o Labtar foi importante o trabalho em rede, com novos parceiros e a criação e participação de um processo de inovação. O Leds e o Banco puderam conhecer e participar de novas formas de definição e entendimento de problemas, num contexto de imersão com diversos atores diferentes, que foi fundamental para entender todo o contexto do Banco e do Bem.
As entrevistas iniciais foram primordiais para captar as informações e entender o complexo sistema Bem. A utilização do mapa de percepções organizou melhor as informações e as conectou numa relação causa-efeito, em que foi possível verificar melhor os principais problemas envolvidos e depois definí-los. À partir daí, foi mais fácil inserir o É Dinheiro nesse contexto.
No último workshop saímos do plano problema e fomos para o plano de soluções. Como a etapa de problema estava melhor definida, a próxima etapa de solução foi construída de forma mais alinhada e conectada, finalizando o workshop com diversas soluções.
Por fim, a continuação e o sucesso do É Dinheiro precisa de forte alinhamento das partes Ateliê e MadeApp com relação às descobertas e conclusões deste trabalho.
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Encontro #2
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Encontro #5
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